Um filme com um roteiro totalmente imprevisível

Eu me lembro quando assisti “High School Musical” e pensava no meu último ano da escola: era impossível olhar aquele filme e não sonhar com a festa de formatura e todos os outros ritos de passagem do fim do Ensino Médio. Quando esse ano se aproximava, o medo batia na minha porta de não ser exatamente como eu imaginava. OK, eu sei que minha vida seria repleta de livros e simulados do ENEM, se afastando cada vez mais de  um musical onde pessoas começam a cantar e a dançar do nada nos corredores, mas ao menos teria aquela sensação de fim de ciclo perto de pessoas que te acompanharam nessa fase tão importante da sua vida, sabe?

Se eu estou em uma quarta-feira de manhã de um fim de julho na frente do computador escrevendo isso, é porque as coisas não aconteceram exatamente como eu imaginava. Como ninguém imaginava, aliás. É estranho escrever sobre angústias de uma quase adulta quando o mundo inteiro está em colapso. Não tem muito como esconder a sensação de estar sendo egoísta. Mas isso não quer dizer que o sentimento não seja válido, certo?

Abandonamos as salas de aula e nos encontramos em nossas casas, com uma rotina monótona de estudos e solidão. Sabe aqueles filmes de ficção científica onde os homens dependem inteiramente dos recursos tecnológicos para viver? Infelizmente essa virou nossa realidade. Em uma era onde temos Twitter, Instagram, Zoom, TikTok e tantos outros meios de comunicação, nunca nos sentimos tão sozinhos por não ter contato com o mundo afora.

Festas juninas online, dias D’s perdidos e tantos outros ritos de passagem alterados ou até mesmo excluídos de nossas vidas agora. Todos os dias apontam o dedo para a gente e dizem “vai estudar”, como se nada que a gente sentisse de fato importasse. Se antes as pessoas ignoravam a ansiedade, o medo e o estresse que os vestibulandos passavam, agora só piorou.

Meus amigos sempre me falaram que admiravam minha forma positiva de ver o mundo e as situações pelas quais enfrentávamos, então pensando nisso não quis terminar esse texto com desesperança de que nada vá se resolver. Por mais que seja difícil de acreditar, as coisas irão dar certo, apesar de não termos uma previsão de quando tudo isso acaba. Sinto falta dos abraços, das risadas e até de reclamar de cansaço nas aulas. A única coisa que nos resta agora é esperar. Nosso ano da formatura pode não ser um filme perfeito e nós podemos não ser o roteirista, mas ainda somos os atores protagonistas dessa montanha-russa, o que nos resta agora é agir, da forma como nos permitirem.