O direito DELAS é o direito de TODOS

Quando eu tinha dez anos, ouvi a palavra “feminista” pela primeira vez. Como uma única palavra de nove letras poderia ser pronunciada com tanta raiva? Vinda de um homem que gritava com tanto ódio para uma mulher que passava com uma camiseta escrito “Girl Power”. Me lembro de ver a mulher, com seus cachos soltos voando contra o vento, seguindo firme seu caminho, como se não tivesse se deixado abalar pela tamanha brutalidade do homem. Eu, que era uma mera observadora do caso, não compreendia, e tomei daquele dia em diante um certo medo dessa palavra.

Engraçado, não é mesmo? Me vi crescendo em um ambiente cheio de apoio cercado por mulheres inspiradoras, lutando por meu direito de ser aquilo que bem entendia e, ao mesmo tempo, com medo de ser chamada ou até mesmo associada às feministas. Demorou um tempo para entender que essa era uma luta não só minha, mas nossa. Ouvir cada história de violência me fazia desistir cada vez mais da humanidade e me sentir  impotente. Afinal, se casos como esses já acontecem desde que o mundo é mundo, o que uma simples garota poderia fazer para, de fato, mudar essa realidade?

Mas por que estou te contando tudo isso? Seja você, caro interlocutor, homem ou mulher, independente da idade, entenda: você deveria ser feminista. OK, você pode até não querer ser taxado como um(a), mas é seu dever lutar pelos direitos humanos. Já parou para pensar que nossa história é escrita por homens? Como disse a autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, “se uma humanidade inteira de mulheres não faz parte de nossa cultura, então temos de mudar nossa cultura.”

Nesse dia 8 de março, é dia de celebrar por cada conquista das mulheres em uma sociedade patriarcal e continuar na luta pela igualdade de gênero. Além disso, lembrar daquelas que fizeram e fazem história. Hipácia (ou Hipátia), importante matemática da Antiguidade. Dandara, guerreira que lutou pela preservação do Quilombo de Palmares, se tornando um símbolo da luta das mulheres negras. Marie Curie, a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel. Gretchen Carlson e todas as outras mulheres que tiveram a coragem de expor os inúmeros casos de assédio diretor da Fox News.

São inúmeras as mulheres famosas que merecem nossa atenção por seus feitos, mas não podemos nos esquecer da Ana, da Clara, da Júlia, da Maria e de todas as outras mulheres que lutam diariamente por seu espaço em um mundo machista que tenta, a cada dia, nos calar. Por mais que, às vezes, pareça, vocês não estão sozinhas. Vamos lutar juntas e se alguém falar que é “mimimi”, pode ficar tranquila. Mesmo se a gente desenhasse, nenhum homem entenderia como é viver em um “man’s world”.

*****Dedico esse texto a todas as mulheres que me ensinaram que eu posso ser quem eu quiser e a minha mãe Christianne, que desde pequena me ensinou que eu mereço ser ouvida. *****